retpolanne life in general blog

A catgirls life 🏳️‍⚧️😺

18 September 2025

Eu tenho talentos

by Anne Isabelle

Durante muito tempo, eu pensei que eu era uma idiot savant.

Ser autista, especialmente nível 2, sempre significou que eu deveria duvidar da minha capacidade de fazer qualquer coisa. Minha coordenação motora era péssima, minha intuição social também, amarrar meus tênis All-Star era um caos (eu usava a versão com velcro), eu não sabia abrir um guarda-chuva.

Ainda assim, eu gostava de desenhar e gostava muito de praticar. Eu gostava de computação e sistemas operacionais. Eu gostava de música. Eu gostava de linguagens. E desde a infância eu cultivei muitos talentos que nem eu sabia que eu tinha.

Eu sempre me achei ruim em tudo o que eu me propunha a fazer. Me achava uma péssima guitarrista, uma péssima cantora, uma péssima programadora, uma péssima sysadmina, uma péssima dançarina, uma péssima desenhista.

Eu nunca parei pra pensar em quantos talentos eu tinha, em quantas coisas são tão naturais pra mim, em quantas coisas eu sou ótima em fazer, mesmo não sendo perfeita.

Quando comecei a escrever meu livro, percebi que eu escrevo muito bem em inglês. Quando comecei a escrever meu blog, percebi que eu escrevo muito bem em português. Percebi que eu trago nuances que poucas pessoas trazem, que sou muito analítica e criativa ao mesmo tempo. Que sou uma pessoa muito profunda.

Quando comecei a aprender mandarim, percebi que tenho uma facilidade enorme com fonemas e acústica. Percebi que gosto de entender tecnicamente como essas coisas funcionam.

Percebi que curiosidade é meu principal super-poder. Que eu não preciso me cobrar mais de ser melhor, mas que eu tenho que continuar incentivando minha natureza curiosa.

Todas as coisas as quais sofri bullying sobre eram, na verdade, qualidades raras que poucos tinham.

Esse último ano tem sido uma jornada de autoconhecimento, aceitação, descoberta e uma melhora da relação comigo mesma. Posso me parecer um pouco como Narciso, mas encontrar beleza numa imagem que sempre odiei (a minha própria) é algo tão bom…

tags: